Nacional

Tabela de alimentos traz valor nutricional de 454 produtos da culinária brasileira
30-06-2006 18:55

Brasília - O valor nutritivo de 454 alimentos brasileiros já pode ser conhecido. Foi lançada hoje (30) a segunda versão da Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (Taco). A primeira versão, que saiu em 2003, trouxe informações sobre 198 alimentos. A nova versão acrescenta 256 alimentos.

A partir de análises laboratoriais controladas, foram analisados 23 componentes de cada alimento: umidade, energia (kcal), proteína, lipídios, colesterol, carboidratos, fibra alimentar, cinzas, cálcio, magnésio, manganês, fósforo, ferro, sódio, potássio, cobre, zinco, retinol, tiamina, riboflavina, piridoxina, niacina e vitamina C. As amostras foram coletadas nos principais locais de venda em nove capitais brasileiras.

Arroz, feijão, macarrão, pão, torrada, milho, bolo, biscoito, óleo, manteiga, leite condensado, queijo, ovo, chocolate, café, pastel, acarajé e amendoim são alguns exemplos de alimentos disponíveis para consulta. O arroz tipo 2 cozido (100g), por exemplo, tem 130 Kcal e o feijão preto (100g), 77 kcal. O macarrão instantâneo (100g), muito consumido por crianças, tem 432 kcal e 17 gramas de lipídios, ou seja, gorduras. Já o macarrão comum (100g), cru, tem 371 kcal e um grama de lipídios.

Também foram analisados pratos típicos da culinária brasileira, como o acarajé e a dobradinha cozida. O primeiro tem 276 kcal e a dobradinha, prato típico do Nordeste brasileiro, sem outros ingredientes, apresenta 86 kcal.

"Hoje, não estamos apenas fazendo aquilo que é fundamental e importante para o povo brasileiro, sobremaneira o povo pobre, que é garantir que ele tenha acesso à alimentação. Muito para além, estamos hoje tendo informações para que o acesso ao alimento seja também de alimento com qualidade nutricional", afirmou o secretário nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Onaur Ruano.

A coordenadora científica do projeto e professora da Universidade de Campinas (Unicamp), Delia Rodriguez Amaya, acrescentou que a tabela também poderá ser utilizada para avaliar a dieta da população. "Essa tabela agora pode ser utilizada para avaliar a dieta da população, apontar as deficiências e então ter programas de adequação da dieta da população. Hoje em dia, há fortes evidências de que a dieta é estreitamente relacionada à incidência de doenças e à saúde em geral", disse a pesquisadora.

Outra vantagem da tabela é que agora o Brasil tem seus próprios parâmetros alimentares. Antes, os parâmetros usados correspondiam a tabelas americanas. A tabela pode ajudar pesquisadores a relacionar as dietas com o risco de certas doenças, como a hipertensão. As informações sobre os nutrientes também vão ser úteis para orientar a agricultura, a indústria de alimentos e as políticas de proteção ao meio ambiente. Para os consumidores, os dados poderão ser utilizados no rótulo das embalagens, a fim de facilitar a escolha dos alimentos mais saudáveis.

De acordo com a técnica em nutrição do Ministério da Saúde, Janine Coutinho, a tabela vai ajudar o governo a estabelecer as metas nutricionais e guias alimentares para que a população tenha uma dieta mais saudável. "A tabela vem dar subsídios às pesquisas, principalmente pesquisas de consumo, à rotulagem nutricional e também a ações de promoção da alimentação saudável", afirmou.

A tabela foi desenvolvida pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação da Unicamp, com incentivos dos ministérios da Saúde e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Inicialmente serão distribuídos 300 exemplares, mas a expectativa do governo é distribuir mais 40 mil tabelas no segundo semestre para profissionais de saúde e para a sociedade científica.

O governo investiu R$ 933 mil na segunda tabela. Para a próxima versão, que terá início em setembro e vai analisar mais 100 alimentos, o Ministério do Desenvolvimento Social já destinou R$ 700 mil. A nova tabela estará disponível para a população a partir da próxima semana nos sites dos ministérios (www.saude.gov.br e www.mds.gov.br) e no da Unicamp (www.unicamp.br ) .

* A caloria escrita com letra maiúscula (Cal) equivale à kcal.

* A caloria escrita com letra minúscula (cal) é a pequena caloria, mil vezes menor que a outra.


Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
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