Política

"Boca a boca" influencia mais que pesquisas eleitorais, afirma cientista político
30-09-2006 02:24

Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil


Brasília - A discussão sobre a influência das pesquisas eleitorais no voto é tão antiga quanto as próprias sondagens desse tipo, criadas na década de 30, nos Estados Unidos. Os especialistas dizem que até hoje nenhum estudo provou uma relação direta. Mas, admitem, que, em algum grau, ela existe.

O diretor de pesquisas Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), Marcus Figueiredo, acredita que as pesquisas eleitorais são apenas um entre muitos fatores levados em conta na hora da decisão. O “boca a boca” e as conversas entre amigos teriam uma influência mais significativa nessa lista.

“As pesquisas não têm efeito direto sobre a grande massa dos eleitores. Na verdade, elas são mais uma informação que os eleitores usam junto com outras informações. Retratam a situação muito mais do que interferem”, afirma Figueiredo. “Não há como proibir as pesquisa. É um direito do eleitor saber o que está acontecendo.”

O diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social, Geraldo Tadeu Monteiro diz que houve, inclusive, um amadurecimento na relação dos brasileiros com as pesquisas eleitorais, conseqüência até mesmo da forma como os eleitores reprocessam as informações nas conversas do dia-a-dia.

De acordo com Monteiro, os debates ocorridos no passado e as medidas tomadas para evitar irregularidades, reforçaram o papel informativo dos levantamentos. “Os resultados estão mais acessíveis e transparentes”, avalia Monteiro.

“Usamos a mesma metodologia por amostragem que é aplicada no mundo todo. Quando uma pesquisa é utilizada de maneira tendenciosa e manipulada, não é difícil descobrir. Basta analisar o plano amostral. Ele possui sutilezas que afetam no resultado, como questionários aplicados apenas em regiões com perfil sócio-econômico semelhante.”

A Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep) elaborou um guia para os estudos eleitorais, que aliado à legislação eleitoral estaria servindo para restringir a possibilidade de manipulações.

De acordo com o guia, uma pesquisa nacional para ser confiável no Brasil deve entrevistar pelo menos 2 mil pessoas com perfis diferentes. O documento está disponível na página da associação: www. abep.org.br;


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