Política

Jornalistas afirmam que mídia perde poder e influência na opinião pública
19-06-2007 18:08

O jornalista Mino Carta, diretor de redação da revista CartaCapital, e o também jornalista Raimundo Pereira, editor da revista Retratos do Brasil, falam sobre o tema “A política da grande mídia brasileira”, na Escola de Governo. Os jornalistas Mino Carta(e) e Raimundo Pereira na Escola de Governo.

Os resultados das últimas eleições (2006) indicaram que a mídia brasileira está perdendo o poder e a influência que tinha, ou ela própria considerava possuir. A avaliação é dos jornalistas Mino Carta, diretor da revista Carta Capital, e Raimundo Pereira, diretor da revista Retratos do Brasil, palestrantes desta terça-feira (19), na reunião semanal da Escola de Governo, em Curitiba.

Mino Carta foi mais além: para ele, a perda de ingerência da mídia sobre a opinião pública abre espaço para a construção de um novo modelo, e as posições do governador Roberto Requião representam esse caminho de mudança. “É preciso aproveitar essa oportunidade, pensar em algo que nos permita ocupar essa ‘terra de ninguém’”, afirmou, ao fazer referência ao espaço vazio criado no processo atual de perda de influência da mídia. “É preciso resistir, como faz com muita acuidade o governador Requião”, salientou.

O que está mudando, segundo o jornalista, é a opinião pública brasileira. “Ela está menos exposta ao poder da mídia. O público não está ouvindo tanto quanto já ouviu. A ‘distinta platéia’ está mais ‘na dela’ do que jamais aconteceu no país”. E completou: “Os últimos fatos demonstram que a mídia está se especializando em furos n’água, que não consegue seus propósitos, não consegue realizar seus planos. Vejo isso como algo muito positivo, se partimos da idéia de que a mídia sempre trabalhou contra os interesses do país, e apenas a favor dos interesses da minoria”.

Opinião pública - Tanto Mino Carta, que coordenou a criação de publicações como Quatro Rodas, Veja e Isto É, como Raimundo Pereira, com passagens pela Veja, Folha de S. Paulo e por jornais progressistas, na época da ditadura militar, classificam a vitória do presidente Luís Inácio Lula da Silva, nas eleições passadas, como uma prova de que a opinião pública cada vez menos segue o que os grandes veículos de comunicação apregoam.

Como lembraram os dois jornalistas, o governo do presidente Lula sofreu oposição ferrenha dos jornais e revistas de maior circulação e canais de rádio e televisão de maior audiência, nos últimos dois anos. E, mesmo com essa oposição, o presidente conseguiu se reeleger com 60% dos votos.

“A vitória indicou o fracasso dessa mídia, que é injusta a figuras de alguma forma inatacáveis, como, por exemplo, o governador Requião. Lula foi submetido a um ataque maciço, feroz, durante dois anos, da mídia em peso”, destacou Mino Carta. “A cobertura é nojenta, revoltante”, afirmou Raimundo Pereira.

Mino Carta credita como contribuição ao fracasso da grande mídia a série de três reportagens, de autoria de Raimundo Pereira e publicada por Carta Capital nas semanas que antecederam o segundo turno das eleições passadas. O material denunciou como os veículos de comunicação manipularam, com o intuito de comprometer o presidente Lula, informações e imagens no episódio que ficou conhecido como a “compra do dossiê”. “Foram ‘reportagens-chave’, que contribuíram para a vitória de Lula no segundo turno, não há a mais pálida dúvida, mas acho que nem o Lula se deu conta.”

Agência Estadual de Notícias
Foto Julio Covello-SECS
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