Saúde

Brasil está longe de reverter quadro de abandono na área de saúde bucal, diz especialista
23-06-2008 11:39

Brasília - Embora o sucesso da Política de Nacional de Saúde Bucal seja unanimidade entre os especialistas da área, o país ainda está engatinhando na tarefa de alterar o quadro de abandono do atendimento público odontológico gerado ao longo dos últimos 50 anos.

A opinião é do professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Capel Narvai, que apresentou uma avaliação crítica da política durante o 8º Congresso Brasileiro de Saúde Bucal, encerrado ontem (21), em João Pessoa (PB).

“O nosso sistema de saúde continua sendo muito cruel com as pessoas porque há uma grande dificuldade para que elas consigam acesso a serviços odontológicos públicos. Nós avançamos muito nos últimos anos, mas a maioria dos municípios brasileiros seguem tendo grandes dificuldades para garantir o acesso aos serviços públicos odontológicos à população”, disse em entrevista à Agência Brasil.

Segundo ele, há indicadores “eloqüentes” da melhoria da infra-estrutura pública na área, como a ampliação em 10 vezes dos recursos federais destinados à saúde bucal desde a criação do Programa Brasil Sorridente, em 2004, mas os resultados ainda são insuficientes porque o esforço não tem sido correspondido por estados e municípios.

“Muitos estados simplesmente se omitem, lavam as mãos. Não colocam nenhum centavo do orçamento estadual para melhorar as condições de sustentabilidade do trabalho que as equipes [de saúde bucal] realizam. Muitos municípios consideram que tudo o que deve ser investido em saúde bucal é o que o governo federal investe. Isso prejudica a consolidação da política nacional e compromete a consecução dos seus objetivos”, afirmou.

De acordo com o pesquisador, os estados não vêm desempenhando seu papel na formação de pessoal para as equipes de saúde bucal. "Muitos municípios não vêm tendo o apoio que deveriam por parte dos governos estaduais para desenvolver suas equipes de Saúde da Família, incorporando profissionais de saúde bucal, não só dentistas, mas também técnicos e auxiliares”, criticou.

Além disso, Narvai também apontou a omissão dos municípios que deveriam garantir a fluoretação da água distribuída à população. A medida é prevista por lei desde 1974 para prevenir a cárie dentária, considerada porta de entrada para os outros problemas de saúde bucal.


Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
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