Saúde

Ciência tem opções que dispensam uso de células-tronco embrionárias, diz pesquisadora
06-05-2008 11:48

Brasília - Avanços científicos recentes indicam que é desnecessário usar embriões congelados para obter resultados com células-tronco. A avaliação é de Alice Teixeira Ferreira, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Biofísica e coordenadora do Núcleo Interdisciplinar de Bioética da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Segundo ela, em 2005, quando foi aprovada a Lei de Biossegurança no país, autorizando as pesquisas com células-tronco embrionárias, já se sabia de suas limitações, como a ocorrência de rejeição e tumores. No entanto, resultados obtidos por cientistas a partir do ano passado vêm mostrando que o material pode ser ser substituído com vantagens pelas células-tronco adultas, obtidas a partir do líquido amniótico que envolve bebê numa gestação, do cordão umbilical e da medula óssea.

Ao participar ontem (5), em Brasília, da divulgação da Declaração de Brasília, documento contra o uso das células embrionárias, a pesquisadora destacou que dois estudos concluídos em 2007 (um nos Estudos Unidos e outro no Japão) mostraram que células-tronco adultas podem ser reprogramadas e adquirirem potencial idêntico ao das embrionárias: o de assumir um tipo desejado de função (óssea, muscular, nervosa, por exemplo) e, reproduzindo-se, substituir células doentes no organismo.

“Para que vou precisar agora de células embrionárias humanas?“, questionou Alice Ferreira. Segundo ela, as células-tronco adultas já estão sendo usadas experimentalmente em cerca de 20 mil pacientes no mundo para o tratamento de 73 doenças degenerativas.

De acordo com o material divulgado na apresentação da Declaração de Brasília, pesquisadores conseguiram transformar células de cordão umbilical em células nervosas, o que antes parecia ser uma possibilidade apenas das células embrionárias.

Outro dado citado é que, no Brasil, o pesquisador Ricardo Ribeiro dos Santos, da Fundação Osvaldo Cruz na Bahia, transplantou células de medula óssea em dois gatos paraplégicos que estão voltando a andar.

Alice Ferreira salientou que muitos cientistas brasileiros defendem o uso embriões para pesquisa básica, ou seja, para estudar o desenvolvimento de células embrionárias, e não para buscar o tratamento de doenças. Segundo ela, esse tipo de pesquisa pode ser realizado facilmente com células do líquido amniótico, que podem ser retiradas das gestantes quando elas são submetidas a parto por cesáreas, sem implicar na utilização de embriões.

Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Foto: José Cruz/ABr
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