Saúde

Greenpeace identifica 88 casos de contaminação por transgênicos no mundo
09-03-2006 21:34

Irene Lobo*
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O primeiro relatório global sobre o registro de contaminação por organismos geneticamente modificados revela a existência, nos últimos dez anos, de 113 ocorrências de irregularidades envolvendo transgênicos em 39 países. Desse total, 88 foram casos de contaminação. O Relatório sobre Registro de Contaminação Transgênica, organizado pelas organizações não-governamentais Greenpeace e GeneWatch, do Reino Unido, foi divulgado ontem (8) em todo o mundo.

De acordo com o documento, o número de países afetados é o dobro daqueles que permitem oficialmente o cultivo de transgênicos. Foram identificados 88 casos de contaminação, 17 de liberações ilegais e oito relatos de efeitos negativos na agricultura. Mais de 90% dos 113 casos estavam relacionados aos quatro produtos transgênicos mais cultivados comercialmente: milho (35%), soja (23%), canola (8%) e algodão (9%). Somente no ano passado, foram registradas ocorrências em 11 países.

Os Estados Unidos são o país que apresentou maior número de contaminações e incidentes com transgênicos, num total de 19 casos. O país permite o cultivo de alguns produtos geneticamente modificados. O Reino Unido possui o segundo maior número de casos comunicados oficialmente, dez casos, embora não cultive transgênicos comercialmente.

O Brasil é apontado no relatório como um país que tem registrado oficialmente quatro casos de contaminação desde 1998. Um dos casos brasileiros foi a entrada ilegal de soja transgênica da Argentina, que contaminou lavouras no Rio Grande do Sul de 1998 a 2005, e o caso de comercialização de milho transgênico, também no RS, no ano passado.

A coordenadora da Campanha de Engenharia Genética do Greenpeace, Gabriela Couto, diz que o controle do governo brasileiro em relação aos organismos geneticamente modificados é "ineficaz". "Precisa haver por parte do governo federal o real compromisso do cumprimento legal para garantir a biossegurança do país. A biossegurança no aspecto ambiental, onde o cultivo de transgênicos é identificado e informado", diz Gabriela.

Para o secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente (MMA), João Paulo Capobianco, é fundamental que a legislação e a atuação do poder público garantam que não haverá contaminação. "Se houver contaminação, que haja responsabilização daquele que promoveu a contaminação, porque se não houver uma política clara que garanta o controle da chamada contaminação indesejada, no futuro teremos apenas transgênicos", afirma.

O relatório recomenda, entre outras coisas, a criação de uma comissão internacional independente para investigar e implementar medidas para reverter as contaminações transgênicas em todo o mundo. Ele também pede o estabelecimento de um registro global de ocorrência de transgênicos e o fim das aprovações e liberações desses organismos nas atuais condições.

*Colaborou Juliana Andrade

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