Leite de qualidade é a meta do Paraná
02-10-2008 19:21
O esforço para tornar competitiva e remuneradora a atividade leiteira paranaense - com meta de viabilizar a agroindustrialização para novos mercados interno e externo de leite em pó e leite condensado - foi o principal foco apresentado quarta-feira, dia 1º, pelo governo estadual no 3º Simpósio Produção de Leite com Qualidade, durante a programação técnica do 3º Rural TecnoShow, em Londrina.
Para o secretário estadual em exercício Herlon de Almeida, da Agricultura e do Abastecimento, o diálogo mantido com todos os integrantes da cadeia produtiva do leite e a constante preocupação em garantir remuneração ao agricultor familiar, faz com que o trabalho desenvolvido esteja voltado para agregação de valor, com bases industriais fortalecidas.
“Até três anos atrás, éramos importadores de leite. Agora, temos que exportar leite em forma de commoditie e evitar o envio de leite fluído para fora. Temos que ter capacidade industrial para estocar o nosso leite em épocas de baixo preço e processar a produção das 118 mil propriedades que produzem leite e mandar para outros países consumidores”, disse Herlon.
Pólos e estações experimentais
A agenda do simpósio foi programada de forma diferente, contemplando temas com enfoque na melhoria da qualidade do leite e até passando pelo leite mais limpo de contaminantes, lembrou o médico veterinário Paulo Tadatoshi Hiroki, articulador regional do Programa Leite do instituto Emater de Londrina.
A promoção é da Sociedade Rural do Paraná em conjunto com o Governo do Paraná, através da Seab e seus institutos vinculados Emater e Iapar, Seti, ANPPL, Embrapa Gado de Leite, Faep, Fetaep, Senar, MDA e Mapa, dentre outros parceiros apoiadores.
Nessa proposta do Paraná qualificar a produção leiteira está a participação da Secretaria de Estado da Ciência & Tecnologia e Ensino Superior. Segundo Aladi Feiden, gerente de projetos, o Programa Universidade sem Fronteiras está formando profissionais para o mercado com base em cidadania e ação junto à população.
Concebido no ano passado, o Universidade sem Fronteira envolve seis universidades e sete faculdades, realizando 164 projetos. Dentre os quatro sub-programas está o de Apoio à Pecuária Leiteira, com 19 projetos executados em 28 municípios paranaenses. Há ainda 17 projetos da cadeia produtiva do leite no programa Extensão Tecnológica Empresarial.
“Um mais novo projeto começa hoje, com recursos de R$ 11 milhões do governo federal, da Finep, e mais R$ 4 milhões do governo estadual, que são os Centros Mesorregionais de Excelência em Tecnologia Leiteira, distribuídos em seis pólos e duas unidades experimentais, dotados de laboratórios de análise da qualidade do leite”, anunciou Feiden.
A contribuição da pesquisadora Vânia Oliveira da Embrapa Gado de Leite, apresentada aos 185 participantes do evento, foi o manual Kit Embrapa de Ordenha Manual, onde é recomendado um elenco de 20 procedimentos técnicos “visando a melhoria das condições de vida dos produtores familiares, porque possibilita mantê-los na atividade leiteira produzindo leite de qualidade”.
Vânia destacou como conquista para a mudança do cenário leiteiro nacional “a lei do leite, a Instrução Normativa 51/2002 do Ministério da Agricultura, que fixou a identidade e requisitos mínimos de qualidade que devem ser repassados ao leite”.
“Os limites para a contagem de células somáticas do Brasil de 750 a 1 milhão deveria ser igual a dos países europeus de 400 mil, já que alta acidez no leite é falta de higiene e a contagem total de bactérias também de 750 mil a 1 milhão, para apenas 100 mil, se resolve com a boa lavagem do teto da vaca com água potável e papel toalha para secá-lo”, destacou a pesquisadora da Embrapa.
Para o médico veterinário Arnaldo Bandeira, diretor-presidente do instituto Emater, “os paranaenses envolvidos com a pecuária leiteira têm que fazer a lição de casa, com profissionalismo para ter produtividade, qualidade e, principalmente competitividade, através das suas organizações formais e informais e assim garantir um leite tipo exportação”.
O auxílio a este profissionalismo está sendo disponibilizado por mais dois especialistas, os tecnólogos em laticínios contratados pela Seab que fazem acompanhamento da qualidade do leite e seu impacto no processo industrial. Presentes no simpósio, eles mostraram os efeitos negativos dos resíduos de medicamentos utilizados na pecuária leiteira.
Como atrativo temático, o evento contou com a participação da médica veterinária Suellenn Julyann Bittencourt, da Arenales, que abordou o uso da homeopatia no rebanho leiteiro. “Nossa proposta é também a produção de leite limpo, seja pela diminuição do uso de inseticidas no rebanho, seja na criação e produção de leite em propriedade agroecológica”, concluiu o extensionista Hiroki.
Agência Estadual de Notícias
Foto:Emater