Saúde

Paraná vai aumentar pesquisas para prevenir epidemia de dengue
28-07-2008 18:34

O governo do Paraná, por meio da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), está investindo em novos laboratórios para o estudo da dengue. Os recursos para o projeto são do Fundo Paraná e somam R$ 450 mil, que serão destinados à montagem dos laboratórios e ao desenvolvimento das pesquisas.

“Nosso desafio é levar a ciência e a tecnologia para as pessoas que precisam; mostrar que elas estão presentes em seu dia-a-dia e que podem contribuir para melhorar a qualidade de suas vidas”, afirma a secretária de Lygia Pupatto.

O Ministério da Saúde aprovou as plantas dos laboratórios, que estão sendo montados em Curitiba, no Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), e no campus politécnico da Universidade Estadual do Paraná (UFPR). O objetivo é detectar a presença e o tipo dos vírus que circulam no Estado e testar a resistência do mosquito vetor aos produtos usados para combatê-lo.

As pesquisas sobre a resistência do mosquito já eram feitas na UFPR. Com o apoio da Seti, o projeto pode agora ser ampliado e incluir a detecção viral precoce. Esta etapa vai identificar que variedades do vírus, entre as quatro existentes, estão presentes em cada região do estado, antes que o vírus atinja a população.

“Uma vez instalada a epidemia, é muito mais difícil combatê-la”, diz o coordenador do projeto, Mário Navarro, do departamento de Zoologia da UFPR.

A nova estrutura do laboratório da UFPR, que ficará pronta em agosto, terá um nível de segurança maior, seguindo os padrões recomendados pelo Ministério da Saúde. Para isso, serão instaladas portas especiais, com cortina de vento, nas salas onde ficarão os insetários com as colônias de mosquitos, que virão de todas as regiões do Estado.

Para Navarro, a união das Secretarias de Estado com a universidade é importante para solucionar um problema grave, como a dengue. “Os recursos foram um agente catalisador. Já havia pessoas capacitadas a estudar o problema, e a união de esforços, de competências, vai permitir que as pesquisas avancem”, diz o pesquisador.

INSETICIDAS - Em outra frente, os pesquisadores vão monitorar a resistência do mosquito aos inseticidas. Duas substâncias são utilizadas para eliminar as larvas e o mosquito adulto. Como elas estão em uso há 40 anos, a resistência do mosquito a estes agentes está aumentando, e a dose necessária para eliminá-lo passa a ser maior.

“Nas colônias que estamos estudando, já foi detectada uma pequena resistência aos inseticidas”, afirma o aluno de doutorado Jonny Duque Luna, participante do projeto.

A descoberta sinaliza a importância da cautela na hora de decidir que estratégias de controle do vetor serão usadas. O monitoramento permite que os inseticidas sejam aplicados em doses eficazes para matar o mosquito.

A vigilância entomológica e viral deve diminuir o número de ocorrências de dengue, principalmente nas regiões Oeste, Centro Ocidental, Noroeste, Norte Central e Norte Pioneiro, que são as mais atingidas do Estado.

Ano passado, o Paraná foi o estado que teve a 8º maior taxa de incidência de dengue no país, com 464,8 casos por 100 mil habitantes, de acordo com o Ministério da Saúde. Porém, em 2008 houve queda nos números de casos registrados no estado.

De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná, 846 casos notificados da doença foram confirmados por laboratório desde o início do ano até o dia 7 de julho. Houve queda de 97% em relação ao mesmo período do ano passado.

O coordenador do Programa Estadual de Controle da Dengue, Ronaldo Trevisan, afirma que esta queda se deve à natureza cíclica da doença. A pessoa que se contamina com o vírus da dengue torna-se imune ao sorotipo pelo qual foi contaminada.

Como em 2007 a taxa de incidência foi muito alta no Paraná, a tendência é que o número de casos diminua nos anos seguintes, já que quem foi contaminado pela dengue no estado está imune ao sorotipo 3, o único que circula no Paraná.

Trevisan explica que existem fatores climáticos e culturais que contribuem para a instalação de uma epidemia. A população precisa dar o destino adequado a materiais que acumulem água e facilitem o aparecimento do mosquito. “Falta mobilização social. Setores políticos, civis, grupos religiosos e outros precisam trabalhar junto da população para que haja mudança de conduta”, diz.

Navarro também ressalta que, junto com o trabalho de monitoramento, são necessárias medidas educacionais para que a população aprenda a eliminar fontes potenciais de desenvolvimento do mosquito, e assim conter novas epidemias.


Agência Estadual de Notícias
POW INTERNET
<

Nenhum item encontrado