Saúde

Saúde bucal no Paraná é considerada modelo no País
17-10-2008 19:00

Cinqüenta anos após a implantação do sistema de fluoretação das águas de abastecimento público do Paraná, o cenário de saúde bucal no Estado é considerado modelo para as demais regiões do País. A implantação do sistema, ocorrida em outubro de 1958, foi a principal responsável por esse sucesso.

“O resultado é fruto do esforço conjunto de profissionais de saúde que se mobilizaram ao longo dos anos. O processo de fluoretação das águas, com certeza foi uma medida de saúde coletiva determinante para a qualidade de saúde bucal que temos hoje”, afirma o secretário de Saúde Gilberto Martin.

Uma das pioneiras nesse processo, que se deu primeiramente em Curitiba foi a cirurgiã-dentista e sanitarista Laís Moreira Amarante, que trabalhou na Secretaria de Saúde durante 58 anos. Nesse mesmo período, foi feito o primeiro levantamento epidemiológico da cárie. Laís acompanhou de perto a evolução na saúde bucal da população, especialmente das crianças que são as mais afetadas pela cárie. A gratificação pelo trabalho realizado, resultou num livro, que será lançado este ano, contando a história e os benefícios dos 50 anos da fluoretação no Estado.

De acordo com dados no Ministério da Saúde, no Brasil 55% da população possui acesso a água fluoretada enquanto no Paraná, esse acesso é de 85%. “A implantação desse sistema foi com certeza, umas das medidas determinantes para melhora da saúde bucal, pois nenhuma outra medida conseguiu uma abrangência tão grande quanto esta. Há 50 anos, o CPO-D (índice referente a quantidade de dentes afetados por cárie) das crianças de 12 anos era 8. Hoje o valor é de 1,3 em Curitiba e 2,63 no Paraná”, relembra ela.

CUSTOS – No início da implantação houve uma certa resistência com relação aos custos que a fluoretação acarretaria ao Governo. No entanto, em pouco tempo foi possível observar que a proposta era bastante viável. Os gastos mais altos seriam apenas no início para compra e instalação da tecnologia já que a manutenção possui o custo mínimo de R$ 1 por ano por pessoa. “A relação custo-benefício mostrou-se, portanto extremamente rentável para o Estado. Até mesmo porque após a fluoretação houve redução significativa nos gastos do Estado com tratamento dentário”, ressalta Laís.

Aliada a essa medida, outras ações foram promovidas para contribuir com a melhora da qualidade da saúde bucal entre os paranaenses. A Ação Bochecho com Flúor, iniciada há 28 anos é um exemplo disso.

“Também a inserção das equipes de saúde bucal na estratégia da saúde da família ampliaram de forma significativa o acesso da população aos serviços odontológicos. Atualmente, o cirurgião-dentista enxerga o indivíduo como um todo, desde o local onde habita, seus hábitos e sua saúde global. Com isso, além do tratamento essencialmente curativo, a equipe emprega medidas preventivas desde a análise de dieta até escovação dental supervisionada e atividades educativas”, explica Michelle Christie Abboud, chefe da Divisão de Saúde Bucal da Secretaria da Saúde.

SANEPAR – O processo de fluoretação é realizado pela Sanepar na maior parte do Estado e em alguns municípios conta com o apoio da Funasa e das próprias prefeituras. Esses órgão são os responsáveis pelo controle ininterrupto dos laboratórios que tratam as águas. Cerca de 98,67% da população é abastecida pela Sanepar e recebe água com flúor.

O controle dos níveis de flúor segue a lei 6.050 criada pelo presidente Ernesto Geisel, em 1974, que determina o teor de 0,6 a 1,1 mg de flúor por litro de água. A quantidade evita que haja superconcentração da substância, que pode ocasionar fluorose nos dentes.

De acordo com o responsável pela vigilância e controle da qualidade da água da Sanepar, Edvaldo Kucheski, a Sanepar realiza cerca de 70 mil análises de flúor por mês e é a única companhia da Amérca Latina que divulga essas análises, por município em tempo real.

Segundo o Ministério da Saúde, a fluoretação das águas de abastecimento público é considerada um programa básico coletivo para a prevenção da cárie no Brasil, constituindo a forma mais abrangente e econômica para o controle da doença. De acordo com o Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, a medida foi considerada uma das dez mais importantes medidas de saúde pública do século XX. A instituição considera que o poder preventivo da água fluoretada é de 40% a 70% em crianças e 40% a 60% em adultos.


Agência Estadual de Notícias
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