Saúde

Tempo de vida de crianças com aids aumenta, mas preconceito continua
01-12-2008 11:41

Brasília - O estudo Ampliação da Sobrevivência de Crianças com Aids: Uma Resposta Brasileira Sustentável, realizado pelo Ministério da Saúde, mostra que as chances de sobrevivência de crianças menores de 13 anos que vivem com a doença aumentaram desde o início da epidemia, nos anos 80.

Entre 1980 e 2007, as chances de a criança sobreviver durante 60 meses após o diagnóstico subiram cerca de 3,5 vezes. Em 1988, antes da introdução da Terapia Anti-Retroviral de Alta Potência (Tarv), uma criança com aids tinha cerca de 25% de chance de estar viva após 60 meses.

As que foram diagnosticadas no período de 1999 a 2002, após o uso da Tarv, tinham cerca de 86%. O estudo acompanhou crianças dos 26 estados e do Distrito Federal.

De acordo com o Ministério da Saúde, em 2006 foram identificados 561 casos de aids em menores de 5 anos. Em crianças nessa faixa etária caiu de 5,5 por 100 mil habitantes em 1986 para 3,1 por 100 mil habitantes em 2006.

A médica infectologista responsável pela área de Aids Pediátrica do Hospital Santa Casa de São Paulo, Flávia Almeida, diz que o aumento da sobrevida da criança é o resultado da assistência exemplar oferecida pelo Brasil, com acesso aos melhores e mais modernos medicamentos.

“Hoje, temos poucas crianças pequenas se tratando com aids, a grande maioria tem acima de 10 anos, os bebês com aids cresceram e a transmissão pela mãe reduziu”, explica.


Flávia afirma que 50% das 100 crianças atendidas no Hospital de Santa Casa são órfãs e que a grande dificuldade é manter a adesão ao programa, já que as crianças dependem de alguém para tomar o medicamento de forma periódica e muitas crianças não toleram seu gosto.

Outro problema destacado é o preconceito. “Muitos ainda acham que aids é doença de homossexual e usuário de drogas”, destaca a médica.

Algumas instituições no Brasil, trabalham com crianças vítimas da doença. É o caso da organização não-governamental Vida Positiva, que atende crianças de origem pobre, entre 3 e 15 anos, encaminhadas pela Vara da Infância de Brasília.

Segundo Vicky Tavares, quando as crianças chegaram na entidade estavam muito doentes, mas com o uso adequado do coquetel, aliado à boa alimentação e aos cuidados necessários, a carga viral foi zerada, ou seja, não têm qualquer doença e podem ter vida normal.

“Temos esta ótima notícia do aumento da sobrevida das crianças, mas a gente tem que começar a correr atrás da sobrevida com dignidade, pois as pessoas ainda têm muito preconceito, que causam danos irreparáveis. Todas as crianças estudam, mas sofrem discriminação dos próprios professores ou dos pais que impedem que seus filhos se relacionem com as nossas crianças”, lamenta Vicky.


Lisiane Wandscheer
Repórter da Agência Brasil
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