Segurança

Fiscalização considera graves condições de trabalho em usina interditada no Paraná
14-08-2008 18:33

Brasília - As condições de trabalho degradantes flagradas pelo Grupo Especial de Fiscalização Móvel do Ministério do Trabalho e Emprego na Usina Central de Porecatu, no Paraná, estão entre as mais graves encontradas nos últimos tempos pelos auditores fiscais no setor sucroalcooleiro brasileiro. A afirmação foi feita hoje (14) pela coordenadora da fiscalização, Jackeline Corrijo.

Segundo a coordenadora, as investigações já estão praticamente concluídas, e os auditores devem retornar a Brasília neste fim de semana. As investigações tiveram início terça-feira, com base em denúncias recebidas pelo Ministério do Trabalho.

Foram flagrados 228 trabalhadores em condição análoga à de escravos. De acordo com Jackeline, a empresa informou que as verbas rescisórias desses trabalhadores serão pagas até amanhã (15). Há mais 2.500 trabalhadores com o pagamento atrasado desde julho.

Na operação, o grupo de fiscalização móvel lavrou 153 autos de infração, interditou cinco frentes de trabalho e apreendeu 39 ônibus que transportavam trabalhadores sem autorização. “Até agora, nos setores interditados, nenhuma providência foi tomada. As empresas não entendem que, quanto mais rápido corrigirem as distorções, menos prejuízos terão”, afirmou Jackeline.

As penalidades que a empresa sofrerá serão determinadas nos autos de infração, informou Jackeline. "É preciso deixar claro que interdição não é penalidade”, ressaltou. Depois de receber as multas administrativas cabíveis, a empresa pode recorrer, lembrou a auditora.

A fiscalização encontrou trabalhadores sem equipamentos de proteção individual fazendo aplicação de agroquímicos e expostos a risco de vida por intoxicação aguda. “Eles iam para suas casas com as roupas contaminadas, colocando em risco a vida de seus familiares, sem nenhuma orientação sobre como proceder”, destacou Jackeline. E eram transportados até a frente de trabalho no mesmo compartimento onde eram levados os produtos químicos.

Nas frentes interditadas não havia sanitários, água fresca, produtos para higienização ou locais adequados para a refeição.

A reportagem da Agência Brasil procurou a assessoria da Usina Central de Porecatu, mas não foi atendida.


Lúcia Norcio
Repórter da Agência Brasil
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